Mas, menina, vai com calma Mais sedução nesse grasne: Carnalmente eu amo a alma E com alma eu amo a carne.
sábado, agosto 8
Ondas e Luas, mulheres (uma conversa sobre navegação)
Hokusai - A Onda
Tatuador metido a besta não acha legal eu usar uma onda na minha própria "costa"?
Bem, segue o post que fiz pro Saturnália.
Agora escrevo ou não (como ele diz), neste site delicioso chamado Saturnália!
Passeando com Acuio e falando de marés, mulheres, dinheiro, homens e hormônio pra cavalo, além do engodo da psicologia e outros assuntos afins:
Segue aqui:
O esforço é grande, o homem é pequeno,
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal Moreno
e para deante, naveguei
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão signala ao vento e aos céus
Que na obra ousada, é a minha parte feita:
o por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês.
Que o mar com fim será grego ou romano:
o mar sem fim é português.
Fernando Pessoa
Como este poema, o navegador Amyr Klink atravessou os perigos do Atlântico Sul à bordo de um barco à remo, coisa praticamente insana naquela época e com ajuda da alta tecnologia e várias inteligências de navegação, ele partiu do porto de Lüderitz, na costa da Namíbia, África, o navegador então com 29 anos de idade aportou solitariamente cem dias depois na Praia da Espera, no litoral baiano. Em 18 de setembro de 1984 aportou em Salvador, sendo por “navegador solitário”.
Em seu livro, que li como forma de superar meus medos diante de uma espera infinita que dura 4 anos, recebi uma força excomunal de fazer acreditar naquilo que a gente busca. Aja fôlego, obrigada pelas forças do mar e de meus amigos saturnálicos. Fora isso, fora ler o livro na espera do meu tão sonhado VISA, com a minha luazinha de capri entrando em meu porto de aguadeiro, me chamou atenção a passagem onde ele, Amyr se orientando por barômetros e bússolas, por famílias de peixes dourados que o acompanharam demonstrando confiança no ritmo, ataques de tubarões gulosos por marcas no casco, por colônias de larvas, atormentando por baleias gigantes e as incíveis ondas regidas pela Lua, trancrevo aqui alguns detalhes que me chamaram atenção no livro, parafraseando um post do Acuio (que cito mais abaixo) sobre as viúvas, naturalmente falarei de mulheres e suas luas.
Acompanhem o que Amyr Klink descreve sobre a nomenclatura divertida das ondas, que de acordo com as Luas, se comportam como mulheres em períodos de nascentes ou crescentes humores, enigmáticas formas de acordar e supreendentes formas de dormir, mulheres ondas que de ciclo em ciclo assustavam o navegador, ora como viúvas, ora como amantes, ora como madrastas impiedosas e más…
“E, assim, entre discussões e mal-entendidos com as ondas, passei a coviver suportavelmente com seus humores. Senti que não deveriam ser xingadas quando me enfureciam, pois sempre respondem à altura.
Desse forçado relacionamento, surgiu, no meu diário, uma classificação não muito ortodoxa para as ondas…
As Madames
Ondas imensas, com cristas e colares formando muito espuma branca, mas que, com toda pompa, não me faziam mal algum.
As Fresquinhas
Não eram grandes, mas sempre se sobressaíam.
As Cuspideiras
Pequenas e mal-intencionadas e nunca deixavam a roupa secar direito, pregam peças e são de lua.
As Comadres
Parecem amigas, mas não são de confiança. De vez em quando acertam o barco por trás.
As Perdidas
Chegam com a lua nova e o mar agitado, atacando por todos os lados, tontas, cansadas, chegam a 9 metros de altura e me deixam desprotegido e vulnerável.
As Viúvas
Nunca avisam a hora de chegar e são impetuosas, silenciosas, insistentes e caem repentinamente conforme a Lua muda. Desaparecem por tempos e voltam quando algo está normal.
As Madrastas
Com elas é capotagem certa.
E você, mulher? que tipo de onda você está?
Pra relembrar mais um pouquinho da Rua Augusta, uma parada nossa pra ouvir na loja, pra ouvir Adriana Calcanhoto, que é Lua em Capri como eu:
Marítimo de Adriana Calcanhoto
Beijos da aguadeira sonhadora Karen “alga marinha” Tortato
legenda da foto: A Onda de Hokusai: que será tatuado nas minhas “costas marítimas” hora dessas.
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