segunda-feira, novembro 17

CLAUDIO SETO



ADEUS CLAUDIO SETO.

Morreu dia 14 o meu primeiro professor de quadrinhos: Sr Mestre Samurai, artista fantástico, fumante inveterado. Bonsaísta, ensaísta, poeta do Hai Kai. Criador dos Matsuris, festa tradicional da cultura japonesa em Curitiba. Uma pessoa que eu idolatrava pela sua grandeza e magnitude. Seto, graças a você eu desenho até hoje, cada vez que olhavas meus traços e eles iam criando formas, tu me mostrava novos desafios. Lembro-me bem do Senhor Claudio, meu mestre dizendo: - Menina, pra que vir com esse batom vermelho tão forte? Eu tinha 15 anos, pós adolescente querendo ser mulherão, me pintava toda pra ir pra aula de quadrinhos religiosamente das 15 horas até as 17 horas. Seu Cláudio deixava a brasa quase inteira no cigarro e eu olhava atônita esperando que fosse cair no papel. Ao lado o pote de nanquim, as penas do meu bisavô, o pincel. Ele me ensinou a apoiar o dedo mindinho no papel para o traço sair preciso. A olhar a perspectiva de um ambiente por muito tempo antes de começar a riscar. Hoje eu desenho e sinto ele me ensinando a não ter medo do papel. Meu traço evoluindo. Depois, passando 3 anos eu fiz Belas Artes, Gravura e o traço na ponta-seca das ferramentas de gravura e entalhe saíam cada vez mais. E o dedo mindinho até hoje apoiando o papel. - "É para dar precisão ao traço." - Dizia o mestre.


“O homem que alcançou o domínio de uma arte revela-o em cada um de seus atos.”
A máxima do Samurai