quarta-feira, maio 31


foto e produção: jeanine lemos boggio

À mesa

Cedo à sofreguidão do estômago. É a hora
De comer. Coisa hedionda! Corro. E agora,
Antegozando a ensangüentada presa,
Rodeado pelas moscas repugnantes,
Para comer meus próprios semelhantes
Eis-me sentado à mesa!

Como porções de carne morta ...
Ai! Como Os que, como eu, têm carne, com este assomo
Que a espécie humana em comer carne tem! ...
Como! E pois que a Razão me não reprime,
Possa a terra vingar-se do meu crime
Comendo-me também.

Augusto dos Anjos