quarta-feira, novembro 9

CONTO DA MORTE DA CARNE

Fui aterrorizada no quarto daquela enorme mansão. A tempestade ainda soprava com toda fúria lá fora, quando atravessei o carreiro. Derrepente fulgurou sobre o caminho uma luz fantástica....

aquela luz congelou e paralizou meus músculos e vi uma forma horrenda tomar conta de toda a atmosfera....

insólito e sobrenatural demais pros meus nervos; não podia conter o terror e desesperadamente subi os plátanos apoteóticos e vi saírem em massa muitos corpos recém-saídos das tumbas de um velho cemitério indígena...Poltergeist!

A irradiação cor de sangue continuava, meu cérebro ali vacilou e senti o odor fétido de cadáveres, quando...

...eu estava atortoada pois levei uma martelada na cabeça e quando acordei vi um enorme processador de carne com apenas uma perna minha dentro.....

...achei que era uma cena de "FARGO", cena final daquele filme dos Irmãos Coen, mas não, não era sonho. eu estava de cabeça pra baixo e minha perna ali quase sem o joelho. A dor foi embora, vi vultos....

...minhas mãos estavam cobertas por uma espécie de borracha látex altamente industrializada. Senti um som ao longe. O que parecia? Dead Can Dance de 91? Sister of Mercy? Vozes....Socorro....

lembrei da infância quando relembrei isso:

"Estou lendo Maquiavel no meu quarto escuro e úmido. O cheiro de pastel lá do guadalupe invade meu quarto."

CARNE CONTAMINADA PODE MATAR-SE A QUALQUER MOMENTO


Palavras podem perder-se no vento. O que me segura na Terra é a carne


Carne comendo a si mesma hoje.